Início: Acordei 3:45h da manhã, tomei um café da manhã normal, e fui cedo para a área de concentração. Tudo certinho lá, bike em ordem, levei as duas sacolas de special needs, arrumei tudo com calma, coloquei a roupa de borracha e fui para o local da largada pela praia. Eu e minha esposa fomos alguns dos primeiros a chegar lá, ainda de noite.
Natação: Eu me coloquei bem para a largada, e saí nadando forte. O mar não estava tão ruim como no dia anterior, nem muito frio. Resolvi nadar sempre 2x1, e colei em nadadores que vi, pelas braçadas, serem bons. Teve a pancadaria de sempre no começo, contatos involuntários a todo momento, mas com uns 10 minutos já dava para nadar legal. Na primeira volta, estava com 33 minutos, passei pelo curral e voltei para a água me sentindo bem para a última perna. Quando cheguei na praia, um susto. Meu relógio marcava 1h01minutos, tempo muito abaixo do que eu esperava. No som da praia, o narrador dizia que Ariane Monticeli, uma das favoritas, estava saindo da água. Ela é uma profissional, logo pensei que eu não deveria estar lá.
De todo o modo, saí bem da água, e fui correndo legal até a T1.
T1: Fiz rápido, uns 7 minutos. Joguei a roupa de borracha, a sunga, os óculos e a touca na sacola preta. Coloquei a roupa de bike sem perder tempo, achei excelente a transição.
Bike: Estava forte na primeira volta, e a ida tinha vento nas costas. Tentei não forçar muito, mas estava fácil pedalar, e acabei fechando os primeiros 90km em 2h54minutos, sem cansaço. Parei totalmente ao pegar minha sacola de special needs, desci, troquei caramanholas, verifiquei suplementos, e iniciei a segunda volta. O vento apertou um pouco, e o cansaço começou a aparecer lá pelo km110. Mas ainda estava tranqüilo, pedalava a 30km/h de média, aumentando com o vento nas costas, e diminuindo quando era contrário. Só no km150 um primeiro conhecido me passou, o Betão. Batemos um papo, aí ele já abriu um pouco, parei num acostamento para um rápito “pit stop” fisiológico, e voltei a pedalar com vento contra. Foi aí que comecei a sentir um enjôo, estava difícil colocar os suplementos para dentro.
Continuei a pedalar mas começou a ficar difícil manter 30km/h de média, o vento contra estava cada vez mais duro, e cada vez que eu tomava a maltodextrina, subia um enjôo alucinante. Comecei a torcer para acabar o pedal, não estava nada agradável. No km 165 começou a chover um pouco, e no Km170 as famigeradas câimbras chegaram. Consegui mudar a pedalada, diminuí um pouco mais o ritmo, e agüentei a dor até o km 175, aí deu para voltar a pedalar. Mas não dava mais para tomar a maltodextrina, nem comer nada, decidi esperar a corrida para ver se o enjôo passava com a mudança de posição. Terminei a bike com tempo total de 6h04minutos.
T2: Mais uma transição rápida. Estava fazendo o tempo da minha vida, entreguei a bike com 7h12minutos de prova, muito melhor do que eu imaginava. Não encontrei meus GUs na sacola, mas estava tão enjoado que deixei para lá, resolvi me alimentar com o que tivesse nas barracas de alimentação. Saí de lá depois de uns 6 minutos.
Corrida: Não dava para correr. O problema não eram as pernas, nem o cansaço, mas sim o enjôo. A sensação era de que tudo o que comi e tomei na bike ainda estava no estômago e no começo da garganta. Respirar estava difícil. Resolvi diminuir o ritmo para 7min/km e ver o que acontecia, parecia melhorar um pouco, mas era só acelerar que a sensação ruim voltava. A coisa foi piorando, e no km8 não teve jeito... entrei num banheiro químico no posto de hidratação. Show de horrores. Banheiro químico já é um dos lugares mais inóspitos do planeta. Entrei lá com umas 8 horas de prova, local já usado por sabe-se lá quem, e ainda todo molhado. Tive uma diarréia homérica, fiquei 14 minutos lá dentro, que pareceram uma eternidade. Saí de lá e continuava enjoado. O Zé Mário, outro amigo fazendo o Iron, me passou enquanto eu tava no banheiro, não acreditou quando me viu atrás no retorno em Canasvieiras. Não queria andar, então continuei naquele trotinho. Cogitei desistir da prova no km21, ao final da primeira volta, o enjôo não passava, e tudo que eu tentava consumir nos postos de hidratação (Pepsi, sal, bisnaguinhas, água, laranja) só piorava. Ficava parado na boca do estômago, piorando a sensação e deixando a respiração difícil.
Ao dar a volta, e pegar a primeira pulseira, resolvei continuar o trotinho e simplesmente fazer jejum. Não tomaria mais nada, nem comeria coisa alguma, para ver se passava a sensação ruim.
Parei no special needs, peguei meus GUs, pus no bolso, e fui embora. Por 8km, não tomei nem bebi nada, até que, finalmente, a sensação ruim passou! De repente, eu estava leve, a barriga parecia normal de novo, respiração controlada.
Comecei então a efetivamente correr, não tinha gasto as pernas ainda, então fui a uns 5:40min/km por uns 5km, tomei meu primeiro gel, e fui embora.
Como vi que não conseguiria fazer abaixo de 12 horas, resolvi só fazer abaixo de 12:30hs, controlando o ritmo, e fui assim até o fim. Deu mais de 5 horas de corrida.
Fechei com 12h29minutos, com a família cruzando a linha de chegada (depois posto a foto, muito legal!), bem emocionado, especialmente por não ter desistido depois de tanta dificuldade.
Pós-prova: cheguei bem inteiro em comparação com os outros anos, porque não consegui correr. Tomei banho, pus as crianças para dormir, e voltei para a linha de chegada, sempre vou lá ver os últimos chegarem no limite das 17 horas e dar uma força para aqueles heróis. Hoje minha cara está cheia de berebas, conseqüência do que eu acho tenha sido uma intoxicação por conta dos suplementos. Preciso ir num nutricionista com urgência.
Já fiz a inscrição para 2011 ☺
segunda-feira, 31 de maio de 2010
Ironman Brasil 2010 completado. 12h29min
Postado por Carlos Eduardo da C. Pires Steiner às 22:31
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3 comentários:
Caramba !!!
Que mal estar !!!
Ainda bem que vc superou tudo.
Parabens !
Parabéns !
O IM é isso é não desistir.
Meus Sinceros Parabéns e Votos de
Boa Recuperação !
Forte Abraço.
Show!!!
Isto que é Força de Vontade!
Fostes um Guerreiro, do começo ao fim!
Taí mais um feito incrível; parabéns.
(Se a nossa Seleção de Futebol tiver metade de sua determinação, a Copa estará no papo!)
Abraço,
Hugo Assumpção
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