Relatório do 70.3 de New Orleans

Finalmente terminei o relatório da prova, importante para guardar de recordação e, quem sabe, estimular as pessoas a comparecerem a essa grandiosa prova.
Fomos em 5 amigos da RACE para o 70.3 de New Orleans, nos Estados Unigos. O Clauber foi com a esposa, Teresa, maratonista e nossa fotógrafa.
Chegando em New Orleans, montamos as bikes e fomos para a feirinha da prova. Lá havia um briefing obrigatório para que recebêssemos os kits da prova, que não trouxe nada de novo. Mas pudemos tirar fotos com o Chris McCormack, campeão mundial do Ironman do Havaí em 2007, múltiplo vencedor de triathlons pelo mundo, e que desejou boa sorte para a delegação brasileira que prestigiava o evento.

A feirinha, em si, estava bem decepcionante, pouca coisa para comprar.
No sábado, fomos pedalar por 1 hora, perto do local da prova. Foi um pedal tranqüilo, mas já pudemos perceber que o vento poderia ser um problema. Asfalto bom, visual fantástico, e a previsão de 3.500 pessoas na prova deixaram todos ansiosos.
Depois fomos deixar as coisas na transição, no final da tarde. Era lá na Universidade de New Orleans, e o local era grande, muito grande. Como já coloquei fotos de lá antes, segue uma foto da equipe, antes de entregar a bike!

Estava totalmente organizado, tudo bem numerado para colocar as bikes. Aliás, pudemos ver a bike no número 1, o Macca, olha a máquina do "garoto".

Também fomos ver onde seria a natação, um lago com mais de 50km de extensão, muito bonito. A perspectiva era cada vez melhor.

No dia da prova, acordamos cedo, tomamos café no quarto do Celso/Zé às 5 da manhã, e pegamos um táxi para a transição. O dia estava bom, temperatura amena, tudo tranqüilo.
Chegando lá, começou a confusão. Apenas 4 ônibus transportavam as pessoas da transição para a largada da natação, que ficava a quase 2km dali. Para mais de 3000 pessoas, não foi suficiente. As largadas eram em ondas, de acordo com a idade. Eu era um dos primeiros a largar, 7:16 da manhã, e às 6:55hs estava na fila aguardando o ônibus quando o cara falou que eles parariam de circular, que era melhor ir andando até a largada.
Fui num passo rápido, e quando cheguei ao local ainda tinha que colocar minha roupa de borracha. Resultado, perdi a largada, pois quando estava pronto, o pessoal já tinha ido, e tive que pedir licença para os competidores que largariam na onda seguinte. Perdi uns 2 ou 3 minutos da largada, mas tudo bem, logo achei um ritmo e fiz uma boa natação. No meu relógio, 34:30minutos, no oficial deu um pouco menos de 38minutos.
Fiz uma transição rápida para meus padrões, menos de 4 minutos. Óbvio que algo tinha que dar errado, e deu. Primeiro, esqueci todos os meus suplementos, só peguei os Power Bars e Cliffshots. Segundo, logo que montei na bike, minha roda traseira deu uma entortada e travou no quadro. O Clauber já tinha explicado que precisava apertar mais a blocagem, foi o que fiz, com toda a força do mundo, e acho que deu certo, pois aí então foi possível começar o ciclismo.
Na ida do pedal, num percurso belíssimo, vi que teria problemas quando o velocímetro marcava 43km/h, e eu não estava nem fazendo força. O vento nas costas estava muito forte, e eu já sabia que teria que enfrentar o mesmo vento na volta. Não deu outra, assim que fiz a curva para voltar contra o vento, a bicicleta quase parou. O barulho no capacete era ensurdecedor, o vento era insano. Não dava para superar 24km/h, girando rápido. Teve uma subida de ponte, com vento contra, que não consegui passar de 11km/h, e estava todo mundo nesse ritmo!
Apesar de muitos competidores, a largada em ondas fez com que não existisse vácuo na prova, eu pelo menos não vi nenhum pelotão, nem ninguém sugando a roda de outro. No caminho, dava para ver uns olhos de jacaré, restos de cobras e ratos próximos da estrada. O trânsito era totalmente controlado, o asfalto bom, o visual incrível.
Apesar do vento, fiz o melhor pedal da minha vida, completando dos 90km (88km pelo meu GPS) em 2h51min.
Nova transição rápida (menos de 4 minutos), e saí para correr. O dia estava quente, e nos primeiros 500m já tive câimbras, como sempre ocorre comigo. Mas dessa vez consegui diminuir um pouco o ritmo, tomar os suplementos que finalmente peguei, e agüentar a dor. Parei na milha 3 para ir ao banheiro, com direito a fila e tudo, mas estava contente, alegre, o clima estava ótimo na prova. Depois de uma ida e volta com o lago da natação ao lado, descemos por um bairro que mais parece um condomínio fechado, com casas grandes, de luxo, com imensos jardins, além de campos públicos de lacrosse, beisebol, futebol, todos muito bem cuidados. Havia famílias nos jardins, prestigiando o evento, e postos de água a cada 2 milhas.
A partir da milha 8 comecei a sofrer bastante, acho que um dos suplementos me deu taquicardia, e o esforço da bike fez eu pagar o preço. Parava em cada posto de abastecimento para tomar água/Gatorade, ou um Power Gel, com calma, permitindo a digestão. Diminuí ainda mais o ritmo, fui para 6min/km, mas continuei correndo até o French Quarter, local da chegada.
Lá, havia um imenso corredor de uns 500 metros, absolutamente lotado de torcedores prestigiando a todos os atletas, gritando, estimulando, sorrindo. Foi extremamente gratificante chegar lá e ouvir o cara do microfone anunciar meu nome, minha cidade e meu país, e receber tapinhas nas costas de um zilhão de anônimos dando os parabéns pelo feito. Olha o estilo na chegada!

Completei a prova em 5h45min, meu melhor tempo em meio Iron até hoje.
Depois da chegada, cruzei o Roldão na área de dispersão, onde havia pizza, água, Gatorade, doces, e Smoothies (tomei uns 10). Tinha também cerveja Abita, de graça, mas estava tão fraco que só tomei uns goles e já fiquei tonto.
Voltei para o funil para ver a chegada do pessoal, vimos o Celso e o Clauber chegando, só não vimos o Zé. Mas todos fizeram ótimas provas, entre 5h30min e 5h55min, tempos excelentes considerando os ventos e o calor enfrentados.

Por ser uma primeira prova, a organização foi muito boa. Algumas coisas podem melhorar, como o transporte para a transição e para a largada da natação, ter mais postos de hidratação no ciclismo, ter uma camiseta de finisher, e ter uma feirinha melhor. A prova é incrível, o percurso belíssimo, plano, a cidade é acolhedora, com ótimos restaurantes e um cassino respeitável, além de termos nos divertido assistindo a um jogo da NBA (Hornets tomaram um pau do Utah Jazz em casa).
Valeu pela experiência, e agora é só esperar o Ironman 2009, pois o treino tem sido muito bom até aqui!